O RIO BOTAS
No final do século XVIII, ainda sem estarem assoreados e apresentando límpidas águas, diversos rios da Baixada Fluminense, como os rios Iguaçu e Sarapuí tornaram-se “estradas” naturais de navegação, pelo qual eram levados, ao mercado do Rio de Janeiro, produtos cultivados e processados na região como: açúcar, mandioca, arroz, feijão, laranja, aguardente, milho e legumes, que alcançavam a Baía de Guanabara, conduzidos por pequenos barcos à vela, ou levados por compassadas remadas impelidas pelo braço escravo.
O Rio Botas não cumpria essa função, pois as estradas que vinham das fazendas não levavam esses produtos em sua direção. Porém, era um dos ou o mais belo rio da região, tendo sua bacia hidrográfica apresentando densas florestas com grande quantidade de espécimes vegetais e animais. Com o avanço da civilização em direção à Baixada Fluminense, as florestas foram se tornando, dia a dia, mais ralas, sendo substituídas por lavouras associadas às queimadas e à retirada de lenha, dando início à situação que encontramos hoje, a qual foi ratificada com a urbanização.
O Rio Botas nasce na APA Gericinó-Mendanha, em Nova Iguaçu, próximo da divisa com o município de Queimados. Percorre 11,4 km no município de Belford Roxo até desaguar no Rio Iguaçu, entre os bairros de Recantus (antigo Babi) e Maringá, tendo o seu primeiro terço direção leste-oeste, e os dois últimos terços direção sudoeste-nordeste. Possui comprimento total de quase 24km . Suas águas, assim como os outros rios da Baixada Fluminense, estão muito poluídas e seu leito, cada vez mais, assoreado. A medida mais eficiente para “limparmos” nossos rios é a implantação de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs).
A ETE é uma infraestrutura que trata as águas residuais de origem doméstica e/ou industrial, comumente chamadas de esgotos sanitários ou despejos industriais, para depois serem escoadas para o mar ou rio com um nível de poluição aceitável (ou então, serem "reutilizadas" para usos domésticos).
Existem, em Belford Roxo, cinco ETEs, todas desativadas. Três são de responsabilidade do Estado (Orquídea, Sarapuí e Joinvile), todas de grande porte, e outras duas de responsabilidade do Município (Vilar Novo e São Bernardo), ambas de pequeno porte. Atualmente os efluentes são despejados “in natura” nos corpos hídricos.
O desafio de Belford Roxo, representado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Saneamento é a criação do “Pacto pelo Saneamento”, uma parceria entre os três Poderes Públicos (Município de Belford Roxo, Estado do Rio de Janeiro e Governo Federal), a fim de colocá-las em operação.
Futuramente, de acordo com o Projeto Federal (PAC), em parceria com a Secretaria de Estado do Ambiente, com o Instituto Estadual do Ambiente e com a Prefeitura Municipal de Belford Roxo, virão a ser executadas ações em diversos córregos de Belford Roxo, como os valões Distinção, Redentor, Olavo Batista, Alexandre Magno, São Bento, Subestação Furnas, Santa Teresa e seu afluente, através da Ação “Limpa Rio”.